VIVENDO E APRENDENDO...

Eu aprendi que a vida é feita de encontros. E posso dizer que um dos principais encontros que já vi foi com mais ou menos 3 anos de idade e dura até os dias de hoje. Este encontro envolve três lados: um garotinho, sua avó e um certo clube de futebol.

Esse garotinho era apaixonado por futebol. Assistia todos os jogos, sem falta, no colo ou na cama de sua avó. Esta por sua vez, trocara suas fraldas desde que nasceu, alimentava, cuidava, ensinava e não desgrudava do neto nem um segundo. Graças à esses momentos, o neto aprendeu a gostar de uma das maiores paixões dela, o tão amado time. Sendo jogado pra cima na hora do gol, ou gritando com a TV como se os jogadores o ouvissem, o menino já se sentia parte de tudo aquilo. E ele nem sabia exatamente o que era “aquilo”.

Infelizmente, pela lei da vida, a vó não pode completar seus ensinamentos para o garoto, que a partir dos 4 anos, precisou seguir sozinho o legado da senhora. Ainda que não entendesse muito bem sobre a vida e seus “porquês”, ele seguia o amado clube de Dona Dirce. Fez dele sua “religião”. Aprendeu, das mais variadas maneiras, o que a vida teria para lhe ensinar.

Aprendeu que uma jornada tem seus altos e baixos; A gritar “é campeão”, tirar onda com os amiguinhos na escola, e anos depois chorar com as quedas, os tropeços, os resultados indesejados do clube.

Aprendeu também que sempre temos que dar a volta por cima, quando no ano seguinte, o clube se reconstruiu e voltou para o lugar que nunca deveria ter saído. Mesmo mais velho, o menino continuava chorando pelo bendito clube. E não parou por aí.

Aprendeu a aguentar as provocações, por não ter um título da América. E aprendeu a conquistá-la também. 

Ele pediu “Vai”, e o time foi. E adivinhe, já com mais de 15 anos, chorou como um recém-nascido.

Mas ele queria mais. Pra que um continente só se poderia ter todos? Aprendeu a atravessar o planeta para conquistar o mundo. E neste dia, como em todas as conquistas e também nas derrotas, chorou lembrando de sua avó, que com certeza, chorava de emoção dos céus, orgulhosa de ter mostrado o melhor caminho para seu neto.

E hoje, com seus 20 e poucos anos, faz questão de continuar seguindo o caminho que lhe foi apresentado. 

Gritarei com a TV pela senhora, como sempre fizemos. 

Não teria tanta graça viver essa vida se não fosse desse jeito.

Obrigado Dona Dirce!